Em 30 de maio de 2025, o Garbage lançou seu oitavo disco de estúdio, Let All That We Imagine Be the Light, via selo BMG. Após quatro anos desde No Gods No Masters (2021), o grupo escocês‑americano retorna com um trabalho que mistura esperanças e críticas, um reflexo dos tempos atuais associados a uma sensibilidade sonora refinada
Como foi produzido?
A produção aconteceu entre 2022 e 2024 em vários cenários: no Red Razor (Los Angeles), no GrungeIsDead, estúdio do produtor Butch Vig, e até no quarto de Shirley Manson. O disco foi co-produzido pela própria banda com Billy Bush, fiel colaborador. Manson confessou que a ideia era criar algo mais otimista em meio aos confrontos sociais contemporâneos — uma espécie de remédio emocional para tempos sombrios.
Tema e contexto
Apesar de temas sociais roubarem a cena em No Gods No Masters, o novo álbum se desvia para um território mais interno e sentimental. A banda decidiu não afundar em indignação, e sim “buscar forças de luz, positividade e beleza” — uma resposta artística à sobrecarga sociopolítica do mundo.
O que as faixas trazem?
O álbum tem 10 faixas que aliam momentos de delicadeza emocional com explosões de energia. Vamos destrinchar dessa mistura:
- There’s No Future in Optimism – começa com uma pegada eletrônica, mesclada ao rock alternativo, lançando a ideia central do álbum: coragem para imaginar e criar futuros melhores. O refrão marca presença com linhas como: “There is no future that can’t be designed / With imagination and a beautiful mind.”
- Chinese Fire Horse – um punk rock furioso onde Manson instaura um grito contra sexismo e idade — “I’ve still got the power…” — com vocais crus e revigorantes.
- Have We Met (The Void) – reforça a tensão emocional com letras sobre confrontos internos e relacionamentos complicados, sustentados por riffs marcantes.
- Sisyphus – quase dream-pop, é uma faixa emocionalmente luminosa. Manson interpreta as dificuldades como algo que fortalece — um verdadeiro hino ao renascimento.
- Radical – sintetizadores e batidas densas dão tom ao clímax poético da ideia que dá título ao álbum: “Let all that we imagine be the light / It’s radical.”
- Love to Give – guitarras pesadas e atmosfera dramática contrastam com uma mensagem emocional: “neste mundo cruel, procure amor onde achar”.
- Get Out My Face AKA Bad Kitty – é um grito feminista direto, confrontando o ódio e intolerância de maneira firme e sonora.
- R U Happy Now – crítica direta ao pós-eleição e clima social tóxico, com energia intensa e postura combativa.
- The Day That I Met God – a faixa final une instrumentação épica (trompas, cordas) e reflexões profundas: parece o clímax emocional, quase um momento de transcendência.
Voz e sonoridade
A produção é exímia — como de costume — mesclando guitarras afiadas, sintetizadores densos e bateria pulsante com camadas sonoras cinematográficas. Shirley Manson continua com sua voz poderosa e expressiva, carregada de emoção, seja em tons delicados ou em explosões enérgicas — resultado de vida vivida, desafios e convicção .
Vale a pena ouvir?
Se você curte rock alternativo com camadas emocionais e políticas, este álbum é uma daquelas obras que fazem a barba com crítica e devolvem esperança ao ouvinte. Ele consegue equilibrar energia e reflexão, provando que a banda ainda está viva — e relevante.