Um concerto em forma de jogo
“Symphonia” não é apenas um jogo com música; é um jogo que é música. Cada pulo, balanço e interação dentro do universo do jogo é cuidadosamente sincronizado com uma trilha sonora original inspirada no romantismo europeu. Ao contrário de muitos jogos em que a música é um pano de fundo, em “Symphonia” ela é protagonista: a melodia evolui de acordo com o progresso do jogador, como se ele estivesse conduzindo uma orquestra com os dedos.
A história e ambientação de Symphonia
O jogo se passa em um mundo onde a música é literalmente fonte de vida. Antigamente sustentado por uma orquestra e suas engrenagens musicais, esse universo começou a definhar com o desaparecimento dos fundadores. Os habitantes se fragmentaram e o silêncio passou a dominar.
O jogador assume o papel de Philemon, um violinista enigmático que ressurge em meio a esse cenário decadente. Sua missão: reunir uma nova orquestra e reativar as engrenagens que mantêm Symphonia viva. Seu violino é ao mesmo tempo instrumento musical e meio de transporte, permitindo que ele se catapulte entre plataformas e resolva desafios rítmos e visuais para restaurar a harmonia do mundo.
Desenvolvimento: de projeto estudantil a obra-prima indie
“Symphonia” começou como um projeto estudantil criado por Simon Larguier e um pequeno grupo de colegas apaixonados por arte, animação e composição. O protótipo original foi tão bem recebido que o grupo decidiu fundar o estúdio Sunny Peak e expandir a ideia para algo mais ambicioso.
Inspirados por jogos como “Ori and the Blind Forest” e clássicos como “Rayman Legends“, os desenvolvedores buscaram criar uma experiência que fosse suave, intuitiva e, acima de tudo, harmônica. Todo o visual do jogo foi feito em animação quadro a quadro, resultando em um movimento fluido e poético que remete à leveza de um dançarino em um palco.
Um dos maiores desafios enfrentados pela equipe foi justamente alinhar a trilha sonora com a jogabilidade de forma que ambas se complementassem perfeitamente. Para alcançar esse nível de qualidade, a Sunny Peak firmou uma parceria com a Scoring Productions, uma empresa francesa especializada em gravações orquestrais, que atuou como produtora executiva.
“Essa colaboração nos permitiu focar nos aspectos criativos do jogo, enquanto eles nos apoiavam em toda a parte logística e organizacional”, conta Larguier. “Ainda assim, foi necessário muito esforço e discussão com diversos parceiros para atingir a excelência musical que buscávamos.”
Larguier também destaca que “Symphonia” foi pensado para agradar tanto quem busca um jogo de plataforma preciso quanto aqueles que desejam uma experiência mais contemplativa. “Espero que os jogadores se conectem tanto com o desafio técnico quanto com a beleza emocional da jornada. Mas, acima de tudo, espero que encontrem formas únicas de aproveitar o jogo — maneiras que nem imaginávamos — e que o relacionem às suas próprias referências e vivências.”
A trilha sonora: uma sinfonia interativa
A trilha sonora de “Symphonia” é uma verdadeira celebração do período romântico da música clássica. A composição principal ficou a cargo de Olivier Esman, com colaboração de Alexandre Bucas-Français e Lou Corroyer. As peças foram gravadas especialmente para o jogo pela Scoring Orchestra Paris, reforçando o compromisso do estúdio com a qualidade sonora e a autenticidade musical.
Cada área do jogo apresenta uma família de instrumentos diferente como protagonista: cordas, metais e sopros ganham destaque conforme Philemon avança e recruta novos músicos. Essa progressão não é apenas narrativa, mas também musical: a paisagem sonora evolui em tempo real com a presença de novos instrumentistas.
Arte, emoção e minimalismo
Além da música, “Symphonia” se destaca pela direção de arte minimalista e emocional. As cores suaves, os cenários quase oníricos e o uso expressivo da luz transformam o palco do teatro em um mundo onde cada detalhe tem um significado simbólico. É um jogo curto, mas que deixa uma marca duradoura, como uma peça clássica que ecoa na memória.
“Symphonia” é mais do que um jogo bonito: é uma experiência sensorial que demonstra o potencial da música nos games como elemento narrativo, mecânico e emocional. Para quem ama música clássica ou quer descobrir uma nova forma de vivenciá-la, este é um título essencial. Ele redefine o que entendemos como “jogo musical” e oferece algo raro: um momento de beleza tranquila em meio ao caos do cotidiano digital.
O jogo está disponível na Steam, Playstation e XBOX
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Referências:
